Já rasguei a certidão de nascimento
mas nada adiantou.
Continuo com os fios cinzentos amarrados na cabeça.
Da juventude
só vejo tons de cena a preto e branco.
Um desenho de calçadas e aglomerações frias.
Uma mãe de criança
que fia no meandro de futuros
para dilatar o meu fim de data.
Tão tarde é o meu tempo
que crianças entram no meu acervo,
jogam piões electrónicos
glosando os cordéis das minhas barbas.
O meu dia é mais escuro e a noite mais clara,
o sopro é mais delicado.
A carne
é mais alma.
Sou visto como uma peça de artesanato
na praça dos tempos.
Brevemente me partirei...
Theófilo de Amarante