Letras et cetera - Revista Digital

Danada idade que me atormenta!

Já rasguei a certidão de nascimento
mas nada adiantou.
Continuo com os fios cinzentos amarrados na cabeça.

Da juventude
só vejo tons de cena a preto e branco.
Um desenho de calçadas e aglomerações frias.

Uma mãe de criança
que fia no meandro de futuros
para dilatar o meu fim de data.

Tão tarde é o meu tempo
que crianças entram no meu acervo,
jogam piões electrónicos
glosando os cordéis das minhas barbas.

O meu dia é mais escuro e a noite mais clara,
o sopro é mais delicado.
A carne
é mais alma.

Sou visto como uma peça de artesanato
na praça dos tempos.

Brevemente me partirei...

Theófilo de Amarante