Há nas manhãs mornas da clareira
um pintor que reza,
pedindo ao outono a causa
para a tela branca.
Flores para a jarra de ferro.
Há nas tardes quentes da clareira
um poeta que exalta,
pedindo ao outono que as folhas tombem
para a lauda branca.
Alfobre de letras versadas.
Há nas noites sanguíneas da clareira
um músico que toca
pedindo ao outono a melodia
para a concertina que sufoca.
Entre a causa e as folhas.
Theófilo de Amarante