Letras et cetera - Revista Digital

Sem oriente

Hoje pousei o meu derradeiro beijo no teu rosto.
Era noite,
quando te disse adeus!
Já dormias no arvoredo do passado
exigindo,
o sono eterno do desastre.
Não me estendi no teu caminho
pedindo a benção,
como um gavião sem navio,
à espera dum mastro para pousar.

Caminhei até ao centro do labirinto
onde se me acabou o clarão do cigarro,
única fonte de luz que tinha.

Ali fiquei sem rosa-dos-ventos
agarrado à febre que me alumia.
Nada espero deste dia,
nem dos demais,
Falta-me luz e oriente.

Theófilo de Amarante