Agora não grito!
A minha garganta cheira a romã
e a língua é uma casca grossa de maçã
que absorve a inquietação.
A minha boca é uma oficina gráfica
que reduz até ao branco
o á-bê-cê do estrondo.
Se soltasse um brado,
este ecoaria no céu da boca
[como nas paredes da catedral o som perdura
e seria mastigado pelos dentes
[como o desfiladeiro tortura o vento.
Se vozear mais forte que o meu critério
é para mim.
Grito privado.
Theófilo de Amarante